domingo, 29 de maio de 2011

carência de morte

                                                                              tilo
Morrer é tudo que quero nesse momento...
Não que eu não tenha querencia de vida, mas sim carência de morte.Quero  seguir perambulando por aí que nem zumb,i sem ouvir nem ter necessidade de falar ...
Calado, mudo, não dar papites nem fazer comentários, emudecido por completo ...
E que as córneas também fossem arrancadas para negrura ser minha companheira e partir tateando... Não mais ver gente nem ouvir suas falas,  viver sem bom dia, sem adeus ,vaguear somente sem razão, sem sentido...E  que ninguém se penalize comigo, não quero dó nem piedade nem ao menos amizade ...Não sem caridade, sem amor... Queria matar meus sentidos: emoçao, ternura, paixao, nada ...Meu coração como iceberg... Nada chamaria a atençaõ: belezas, palavras, nudez...Um morto é o que eu queria ser .
Só me consola saber que cada dia que passa estou mais perto de morrer

                                                                    1993 

Eu em off

                                                                                           tilo 

Eu pinto a cara e nos contornos do crepon desenho um riso .É o mundo picadeiro , minha vida , espetáculo...
São acenos e trejeitos ultrajantes, engraçados ,gestos feitos ao acaso numa vida desigual...
A platéia nunca é grande mas o riso é  sempre ouvido. Aplausos não...Algumas irônicas palmadas as vezes  acompanham as gargalhadas de restos  olhares à espreita, cochichos pelos cantos e mais mil coisas que nem vale a pena citar... 

sábado, 21 de maio de 2011

Sonhos

                                                                      tilo
São muitos sonhos caídos
Sonhos jogados no chão
São muitos sonhos partidos
Sonhos sonhados em vão
São muitos sonhos calados
Sonhos ja esquecidos
São muitos sonhos alcançados
Sonhos ja falecidos...
De todos os sonhos sonhados
um so foi concluído
de todos os sonhos podados
um se eterniza por nós escolhidos
foi ele o primeiro nascido
no meio de todos passados
restando agora e para sempre
                                               eu e voce lado a lado 
          

lua


                                                                                                  tilo
Passa, pois, um pássaro por tras da montanha voando como se fosse atravassar o sol que ,distante e rosado, se retira calmo e humilde para que a noite caia e a lua reine sobre as estrelas
Tal como o sol, meu ser, depois de reinar o dia todo ,se apaga diante da beleza e ternura da lua que existe em ti que enquanto passa a noite reina sobre mim .
Quando  na serra surgi novamente a claridade e o calor do sol meu ser surgi das entranhas do teu corpo de onde sugou forças para mais um dia e parte de manhã sonhando com a noite e com voce
te amo

passaro


                                                                      tilo
“De repente...
É como se eu fosse
um pássaro que vaga
cambaleando
cortando o vento noturno
pelas entranhas
doteu corpo
buscando um meio
de rasgar
o véu
do teu
íntimo...” 

sábado, 14 de maio de 2011

medo

                                                                                                                                tilo
É noite, e na escuridão cintila uma lágrima e cai ...
O escuro me da medo e tal como uma criança minha alma cala.
O soluço do meu choro e o descompasso do meu coração aumenta ainda mais o medo .O pensamento em turbilhão mistura passado presente futuro, minha vida passa em minha mente como como um filme em preto e branco.Não tem cor porque não há cor que represente o medo e a angustia .Vivo a agonia do tempo que parece não querer passar...Vago sem rumo e quase sem vida...Sei que devo lutar, mas não acho razão para fazê-lo

Crepúsculo

                                                                                                              tilo
Espere.
Pare por um minuto o passo apressado do homem.
Que haja trégua em toda e qualquer guerra
Que se suspendam todas as buscas
Calem-se homens e animais
Esqueçam-se dos sonhos, dos intentos, dos quereres...
Busquem todos um bom lugar e mirem aquele monte...
Pois em breve se fará mais um pôr de sol
Que nunca mais se verá...


Coração à deriva

                                                                                                                            tilo
A mercê do vento vago mar a fora, sem destino, flutuando sobre as águas, fazendo voltas, vendo passar o tempo, a vida, as gaivotas...
     O sol mergulha mais além, o vento muda a direção, sem razão a deriva, meu barco bóia... Meus olhos navegam na paisagem dos arredores
    Pela boca vaza um canto, quase como um pranto...
    Gemendo, sussurro por tua ausência que, como os pássaros, voou para longe,fazendo nascer o crepúsculo do nosso caso.
    Este amor nascido calmo, tornando-se forte como o sol, mas que tão breve se fez poente, e em mim só resta a noite e o vazio.
     No meu peito vaga solto meu coração a deriva, indo a ponto de naufrágio, mas ainda resta a esperança que os ventos me levem para onde tu estás para esse barco descansar.
     E levo até o sonho de que abras o teu peito e me ofereças como cais

Enfim,só

                                                                                                                                         tilo
Ouvi que passava por mim mas não quis atendê-lo,
pois queria ouvir primeiro minha razão.
E ele se foi...
Vi quando passou outra vez e não quis notá-lo, já que queria ver ainda se o tempo era chegado.
E ele partiu...
Senti quando voltou e chegou a me tocar e ainda recusei senti-lo, porque queria sentir muitas coisas.
E ele se afastou...
Notei que novamente ele vinha...
Preparei-me então para recebê-lo...
Quando se aproximou ouvi que falava e não entendi.
Um pouco mais e vi que não estava só, mas não queria crer.
Senti que se tocavam e nem se davam conta que eu estava ali... e então...
Notei que estava pronto, mas...
Nada para ouvir ...
                             Nada ver
Nada pra sentir...
Queria tê-lo
Vê-lo
Ouvi-lo
Senti-lo
Mas era tarde... E eu me encontrava ali...
Enfim, só

Caminho de Pedra

                                                                                                                                tilo
Caminhando pelas avenidas busco e não encontro paz...
Os sons das buzinas me atormentam, as luzes dos faróis cegam meus olhos, o ruído dos motores atrapalham meus pensamentos...
Largo então as avenidas indo agora nas estradas...
O silêncio é absurdo, o vazio de dar medo, a solidão me enlouquece, meu pensamento se confunde...
Deixo as estradas e sigo sob as sombras das árvores ouvindo os pássaros, sentindo o sol...
Vou pensando “como é lindo esse lugar”...
O vento sopra e as folhas caem poeticamente...
Não há barulho nem silêncio...
Não há tormento nem vazio...


Não há nada que explique o enigma do desenho que se forma entre as pedras do caminho...

domingo, 8 de maio de 2011

Busca

                                                                                                                                          tilo
Onde estão meus olhos que já não vêem minha alma nem trazem luz para meu viver?
Onde foi meu sentido, meu falar, meu ganido?
Me perdi, desgarrei de mim,me pus fim...
Porém, hoje vou mergulhar em minhas entranhas até me encontrar...
Por isso não te assustes, pois ,que para meu intento seja completo será, por certo, preciso sangrar meu ser em palavras do mais profundo do que fui e por em ordem  o que sou em poucas frases,  fazendo nascer  assim um parágrafo único,o texto final do que serei...
Mas não me vi nem me achei, uma vez que me buscava em mim e não me tinha...
Me perdi no instante em que te achei  e, tão logo te vi,   reconheci a luz dos meus olhos que estavam em ti...
 e fui sem medo por tuas trilhas  , te apertei em meu corpo, e entre o teu me consumi...
 E quando, atônito, me assustei, vi que nunca houvera me perdido, mas sempre estive muito vivo e presente nas palavras da sangria desse amor que vem de ti

Sólida Solidão

                                                                                                                          tilo
Só, unicamente só
Sem ti, sem vida,
Sim, você era minha a vida e agora estou aqui...
Quieto, triste ...
A canção que toca na vitrola arranha o silencio do momento.
Tua presença está em tudo, até mesmo no som do automóvel que passa longe
Nesse silencio quieto e frio em que me encontro,
Nesse canto do canto que canto,
Nessa canção falada
Nessa oração que rima
Na hora que a lágrima rola
Nessa face fria desses olhos tristes
Nesse corpo carente que te quer sempre presente...
O céu cinza pálido, a chuva cai ...
Nessa pressa de sarar tento ate sorrir
E o riso falso, forçado quebra o triste do rosto, mas não quebra a solidão...
E é nela que mora a tua presença sólida
Na saudade da vida fico... Até quando?


Não sei


Você em mim

                                                                                                                              tilo
A areia escoa na ampulheta e se amontoa junto à base. Os grãos dessa areia são como nossos atos: vão se escoando de nós e amontoando-se no passado.
Hoje remexo a areia do fundo de minha base e, das muitas fagulhas que guardo, várias não são minhas ou não eram...
São teus olhos, tua fala, teu carinho, teu aroma...
Não sou eu...
É você...
São teus atos feitos em mim. São areias dessa ampulheta, que é tua alma misturada a minha, se fundindo na metamorfose de sentido e   sentimento .
Busco no meu passado uma fala que exprima o que sinto por você . Há talvez dezenas  e dezenas mas já disse todas e não há mais o que falar ...
Serei, pois repetitivo: te gosto, te quero, te desejo, te preciso, te adoro, te vivo, te amo, te amo, te amo, te amo...




sábado, 7 de maio de 2011

Abstrato

                                                                                                                   tilo
Já não sou , talvez nem tenha sido nunca, um grande sonhador, no entanto é só o que faço todo tempo, a cada instante , como agora ...Aqui estou , perdido novamente em devaneios loucos, tolos absurdos ...
É estranho tudo isso...
Sonho sonhos que não quero que se realizem.
minha mente é uma algazarra : do que é belo faz tragédia, do que é triste faz comédia...
Se a felicidade me rodeia (se é que ela existe) busco logo um meio termo pra que eu possa odiar esse momento.
Se acaso desse enfado me vier a agonia, solidão ,tristeza e dor ,pego um canto desses nossos (temos tantos)
Qualquer um e me faço todo canto e desafino. idiota como homem ou feliz como menino

Caminhada

                                                                                                                tilo
De mãos dadas caminhando na mesma direção,
vão eles
A noite estavas escura, a lua estava ausente,
vão eles
A rua tão deserta, o silencio tão profundo,
vão eles
O coração bate calado, a mente voa no ar,
vão eles
Esses seres estranhos continuam a caminhar,
vão eles
A noite ainda escura estava perto de se acabar,
vão eles
Lentamente o dia vem, junto dele a luz e o sol,
vão eles
Agora de mãos desatadas seguem no caminho de pedra,
vão eles
Com a mente ainda voando vão caminhado a beira mar,
vão eles
Cantando como bêbados ou dançando como estranhos,
vão eles
Parece não ter fim essa estranha procissão,
vão eles
Mãos dadas novamente todos cantam e parece uma só voz,
vão eles
Cansados, quase mortos, se arrastando sem parar,
vão eles
Alegres e cantando correndo tão felizes,
chegam eles