sábado, 16 de julho de 2011

Eu estranho

“Eu sou macaco-prego...” diz alguém em altos brados e cá estou eu novamente...
A música traz mensagem, as falas se confundem e o riso nasce sem sentido, sem por que...
Calado, inerte no profundo descaso que tenho de tudo e todos, mergulham em minhas entranhas descobrindo o quanto estranho sou a mim mesmo.
Não me conheço, não me entendo... Fico na incerteza Será que isso é ser feliz?Será que ninguém nunca se acha ou se sente feliz? Me consumindo aos poucos vou ficando...
Será que, se como o cantor, também eu bradasse com todas as minhas forças qualquer grito ou fala me tornaria contente? Sei lá... Me perco e quando penso em partir minha própria caça, desperto com os que rodeiam a me oferecer um pouco mais de cerveja...
Calo de novo o grito e caminho sala afora cantarolando como se estivesse feliz
     19/07/1993 

Febre


Era uma vez uma certeza de amor sincero e com paixão, que seriam felizes para sempre, seguindo numa só direção de mãos atadas, faces coladas, ardendo em febre de emoção, olhos nos olhos, bocas caladas ouvindo só o som do seu coração, mas sobe a febre e ninguém sente quando se escorre a larva quente deste vulcão que queima a gente, nos faz contente com o corpo todo em erupção... Mas foge a noite e chega o dia  e nos faz de volta pisar no chão...
No chão de erros, de desamor e desilusão...
Partimos quietos, mas sem secreto, sempre querendo outra porção
                                   8/08/1993   

quinta-feira, 14 de julho de 2011

TARDES DE AGOSTO

                                                    tilo



No manso declínio do sol sobre a cor cinza-apagado da tarde vemos o falecer do dia e o nascer da noite...
Tarde fria, de vento e pó, quieta como madrugada, angustiante como a espera... Essas horas mornas, vagarosas, quando o anel rosa e azul envolve o sol... os pássaros voam de volta ao ninho...
Um vôo tímido, um canto calado. Tudo faz parte da mágica do tempo, pois não teria nada de bom nas manhãs de verão senão fossem as tardes sombrias e aconchegantes em que a gente aproveita para sentir o doce amargo sabor da saudade dos tempos passados, dos amores vividos, de alguém que se foi ou da velha amiga Infância...
Tardes que chegam a ser belas...
Em que o céu se enfeita de noites escuras e grossas, de um sol laranja que raramente brilha...
Ah! Essa cor areia, esse cheiro de silencio...
É um quadro de cores tão belas, de traços tão certos ,que nenhum grande artista poderia pintar...
É essa pintura divina que nossos olhos contemplam...
Só uma obra tão linda poderia nos mostrar a saudade e o amor, e só mesmo Deus poderia ser o autor...
                                                                  1/09/1985

Apenas um dia


Para ouvir tua voz a qualquer hora
Para ver seu olhar a todo instante
Apenas um dia...
Para ter a alegria de chegar
Para ter um olhar na hora de ir
Para ter um sorriso na hora da chegada
Só mais um “boa noite’’
Só mais um ‘’bom dia’’
Pena que não seja apenas um dia para sentir tudo isso,
Apenas um dia outra vez...
Apenas um dia

08/11/85

Nunca mais



Nunca mais se saciar com olhares e flertes...
Chegar até adormecer no profundo olhar...
Nunca mais dizer palavras soltas
Ou deixar nascer o silencio por tantas palavras ditas...
Nunca mais buscar o futuro ou voltar ao passado só pra fugir do presente...
Nunca mais sentir a saudade nascer aos poucos ou se lembrar da hora de ir
Nunca mais... por livre vontade...

Vida comum

                                 
Rompendo as entranhas do ventre escapa mais um entre tantos, 
saindo de vez para o mundo onde há demônios e santos...
Partindo nas trilhas da vida caminha buscando atalhos por entre amigos e rivais
Vai que nem madeira, a golpes de entalho
Passa o tempo e as horas, cegam-se aos atos, a boca cala o soluço...
Do vulto que se fora restam apenas boatos...
                                                      29/07/1993